Para quem aprecia livros de ficção como “O Mundo Perdido” de Conan Doyle, “Viagem ao Centro da Terra” e “Vinte Mil Léguas Submarinas” de Julio Verne, ou “A Máquina do Tempo” de H.G. Wells, “A República 3000”(1930) de Menotti del Picha deverá ser uma leitura bem vinda.
Para os que já conhecem esta excelente obra deste brasileiro, os demais livros citados seguem a mesma linha de ficção.
Menotti del Picha é um autor de que pouco se fala, mas a Língua Portuguesa é magistralmente utilizada por ele nesta obra de fantasia.
A linguagem rica e ao mesmo tempo clara del Picha é por si só uma lição de como um escritor pode ser culto e mesmo assim montar uma narrativa interessante, mesmo que não longa.
Quando uma expedição de pesquisa e mapeamento da selva brasileira se vê em apuros, e todas a expedição é desmantelada e vários de seus membros são mortos. Sobreviventes do infortúnio que veio sobre a expedição, o cabo Maneco e o capitão Fragoso se veem perdidos na floresta e acabam por encontrar uma barreira de restos de animais de muitos séculos.
Ultrapassando a barreira, chegam a um lugar futurista, onde seres estranhos vivem isolados de toda a civilização, com avanços que atingem sua forma e cultura.
Os dois protagonistas são aprisionados em tal civilização, que dá título à obra, e condenados a passar suas vidas sob a tutela dos seres estranhos que a compõem.
É nesse clima que o capitão Fragoso encontrará razão para manter a esperança e determinação, e Maneco se verá num situação desesperadora, mas que lhe dará o ensejo para propiciar a única oportunidade de fuga de seu amigo.
É uma história simples, que a linguagem e erudição de Menotti ajuda a colorir com palavras bem trabalhadas, em que a selva brasileira, com toda a sua exuberância, ocupa o espaço da jornada dos heróis, hora como implacável algoz, dificultando sua passagem, ora como bela, retentora das nobres árvores e plantas de que o Brasil deve orgulhar-se e buscar conservar.
Menotti del Picha nasceu em 1892, em São Paulo, filho de imigrantes italianos. Faleceu na mesma cidade em 23 de Agosto de 1988. Foi membro da Academia Paulista de Letras e da Academia Brasileira de Letras. Foi um dos iniciadores do Modernismo Brasileiro, sendo um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, que aconteceu em São Paulo.
Menotti era poeta, romancista, contista, cronista, teatrólogo e jornalista, tendo sido também editor, deputado estadual e federal, industrial, escultor, pintor e musicista (informações obtidas do prefácio escrito por Afrânio Coutinho, no livro editado pela Editora Tecnoprint Ltda – Edições Ediouro).
Para você que quer experimentar a linguagem culta da língua Portuguesa, de um de seus expoentes, numa roupagem de ficção científica próxima da dos conhecidos Julio Verne, Conan Doyle e H.G. Wells, A República 3000, também chamada de “A Filha do Inca” (1949), é uma excelente opção.
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